segunda-feira, 2 de março de 2009

Jornalismo Barrigudo

"A imprensa não é o quarto poder. Para mim é o primeiro". Essa frase, ouvi de um desembargador mineiro, cujo nome não me lembro, durante uma palestra na faculdade. Aquelas palavras me intimam. Fico pensando no tamanho da responsabilidade que nós, jornalistas, temos. Não quero em momento algum desmerecer outras áreas. E fico meio bobo, ao ver tantos questionamentos aos trabalhos de vários futuros colegas de profissão. Como os jornalistas estão errando. E as consequências disso? Uma informação podre tem consequências graves. Um dos casos jornalísticos mais comentado nos últimos dias, foi o da brasileira que mora na Suíça, Paula Oliveira. Tudo começou no blog do Noblat, com o título "Brasileira Torturada na Suíça Aborta Gêmeos". Ricardo Noblat é um jornalista renomado. Já trabalhou em vários veículos, entre eles, Jornal do Brasil, Isto É e Veja. É autor do livro A Arte de Fazer Um Jornal Diário. Atualmente escreve para uma coluna de política do jornal O Globo além do blog. Mesmo com tanta experiência, Ricardo Noblat cometeu erros graves, ao publicar a notícia sobre o suposto ataque sofrido pela moça brasileira. Se o Noblat errou, o que dizer dos outros profissionais como Willian Bonner e Fátima Bernardes, o casalglobal. No dia 11/02/09, uma quarta-feira, por volta do meio dia, o Ricardo Noblat recebeu uma mensagem via celular do pai da Paula, o senhor Paulo Oliveira, dizendo que a filha tinha sido atacada por neonazistas, na saída de uma estação de trem, em Dubendorf, cidade que fica a alguns quilomêtros de Zurique(uma das maiores da Suíça). Paulo Oliveira, pai da moça, é assessor parlamentar do deputado Roberto Magalhães(DEM-PE) e também conhecido do Noblat. Esse pode ser um dos erros cometidos pelo jornalista Ricardo Noblat. Confiar na versão do pai preocupado com a filha no exterior. Nesse momento a irresponsabilidade com a notícia ainda estava só na Internet. Isso não diminui o tamanho da burrada, mas sabemos que a Internet aqui no Brasil não é o meio de comunicação do povo. Se compararmos com a TV ou o rádio. Se o Noblat foi tão "inocente" o que dizer dos demais? O Noblat, soltou a bomba. Jornalisticamente, os outros profissionais deveriam buscar todos os detalhes do episódio e não simplesmente reproduzir uma apuração tão tendenciosa. A repercussão do suposto ataque foi disseminada por todas as mídias. Todos apelando geral. E a "notícia" foi ganhando força. O Jornal Nacional, deu como um dos destaques do dia. A velocidade e o impacto provocado pela mídia foi tamanho, que quase criou problemas nas relações diplomáticas do Brasil com a Suíça. Como sempre, os erros dos profissionais da informação são ofuscados pela desinformação. O poder na mãos dos jornalistas é tanto, que os efeitos causados pelas notícias barrigudas nunca é discutido pela sociedade. A mesma imprensa que noticiou o horror de neonazistas aos brasileiros na Suíça, agora se distância do caso. Agora a culpa é da moça que mentiu, que queria forçar um casamento. Será que a mídia não tem nada com isso?

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